domingo, 1 de junho de 2008

A Lenda do Reino do Preste João

A Lenda do Fantástico Reino do Preste João


A lenda do reino do “Preste João”, propriamente dita, dava conta da existência dum reino de paz e de harmonia, onde a pobreza, a miséria e o sofrimento já tinham há muito sido erradicados. E, os narradores mais visionários, enriqueciam-na ainda com as suas visões de unicórnios, dragões e outras bestas mágicas, como sendo a fauna natural daquele mítico território, que situavam uns a algures na África, e outros na Índia. Dado que, para a geografia medieval, a Ásia começava logo a Oriente do Nilo e, não a Oriente do Mar Vermelho. Aliás, naquela época, nem sequer havia notícia da existência daquele mar.

Assim, num mapa distorcido, como eram todos os mapas da Idade Média, a Abissínia já pertencia à Ásia, ou à Índia, outro dos nomes por que era conhecida a Ásia.

Em suma, numa dessas “Índias”, reinava o lendário “Preste João”. Imperador muito rico, muito poderoso e muito justo. Ingredientes essenciais para naquele mito se fundirem e, à sua volta se refinarem as várias lendas que circulavam pela Europa Medieval. Que, embora se conhecesse muito pouco sobre aquele lendário reino, os europeus não deixavam de afirmar que era daquele reino que provinham para a Europa, via Cairo-Veneza, as preciosas mercadorias Orientais.

Todavia, como escasseavam as notícias precisas e palpáveis sobre aquele lendário império cristão no Oriente, o fantástico e o metafísico foi sempre crescendo desmedidamente ao longo dos séculos.

Na verdade, se analisássemos aquelas lendas com um bisturi, verificaríamos que continham muito mais do que um simples conforto e um simples encanto para quem as ouvisse, uma vez que nelas havia um certo grau de realidade infantil. E se tomarmos em consideração que o homem do século XIV, estava mais impregnado de códigos morais e de valores espirituais, do que os homens de hoje, mais absorvidos nos valores egocêntricos e materialistas, então, compreendemos melhor quanto aquelas lendas recheadas de fantasias e utopias, saturadas de bondade e de valores, foram importantes para os homens que viveram naquela conturbada época, de intolerância e totalitarismo.

Ainda hoje, um tímido eco da nossa infância se eleva das profundezas do nosso espírito, que de um modo quase imperceptível nos sussurra: "que aquelas histórias são verdadeiras". Aliás, quase todos nós, uma vez na vida, sonhámos com seres mágicos e transcendentes, que habitavam um paraíso que se desvanecia à medida que nos tornávamos adultos, mas que para nossa felicidade, esse maravilhoso Éden que nos embalou a fantasia de meninos, um dia voltará a manifestar-se no nosso espírito, nomeadamente, quando regressarmos à infância sofisticada. Pelo que aqueles reinos estranhos, fantásticos, e lendários, que tiveram o dom de preencher os sonhos da nossa meninice, como fora o caso do maravilhoso país da Alice, da Floresta de Brocelinde de Parcival, ou do reino do “Preste João”, um dia regressarão às nossas mentes sofisticadas, ainda mais utópicos, mais criativos, mais oníricos e muito mais belos.

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