domingo, 1 de junho de 2008

O Conhecimento da Existência de Outros Cristãos

O Conhecimento da existência de outros Cristãos



Só se voltou a ouvir falar do mítico “Preste João”, quando em 1221, o bispo de Acre escreveu ao papa a dar conhecimento das movimentações de exércitos no extremo Oriente dum possível descendente do rei David, o qual tinha mobilizado três exércitos. Um, enviara para a região pertencente a Colaph, irmão do sultão do Egipto, o outro fora enviado contra Bagdade e, o terceiro fora enviado contra Mossul. Segundo a informação do bispo de Acre, aquele soberano tinha a intenção de alcançar a terra Prometida, a fim de visitar o sepulcro de Nosso Senhor e reconstruir a Cidade Santa. E, que era também de sua intenção, antes de alcançar Jerusalém, subjugar a terra do sultão de Icónio, Caláfia e Damasco, como também tinha a intenção de subjugar todas as regiões intermédias a estas, a fim de não deixar um só inimigo atrás de si.

Sem dúvida que aquela carta dava conhecimento ao papa dum terrível flagelo para os “infiéis”. Se não era o “Preste João”, só poderia ser um soberano com uma grandeza e uma riqueza equiparável.

Na verdade, as hostes que se aproximavam, vindas do Oriente, eram comandadas por outro grande inimigo do Islão. Gengis Khan, o conquistador mongol, cujos domínios acabariam por se estender até às franjas da Europa.

As especulações e as esperanças que os europeus angariaram sobre a existência de grandes reinos cristão no Oriente, eram devidas ao nublado conhecimento que estes tinham da existência dos três grandes grupos de cristãos primitivos, que durante muito tempo ficaram isolados da cristandade ocidental e, que jamais se submeteram à autoridade papal:

· O primeiro grupo: os coptas, que os europeus sabiam habitar na região da Abissínia (actual Etiópia).
· O segundo grupo: os nestorianos, dos quais muito pouco se sabia, e
· O terceiro grupo os arianos, localizados de entre várias partes do mundo; entre as quais a Península Ibérica, o que veio a caracterizar o comportamento laico das populações Lusitanas. (Rainer Daechnardt – Missão Templária nos Descobrimentos).

Supõe-se, que a formação destes três grupos de cristãos, teve origem no Império Romano, quando expulsou todos os cristãos que tinham interpretações sobre as mensagens deixadas pelos discípulos de Jesus, diferentes das de Roma.

Na verdade, após o Concílio de Niceia, no ano de 325, e com mais força após o Concílio de Éfeso, deu-se a perseguição aos cristãos que não se submeteram à nova hierarquia eclesiástica, Que entretanto se instalada em Roma.

Assim, em três séculos de perseguições contra os cristãos com interpretações diferentes das de Roma, fez com que morressem por ordem de outros cristãos, algumas dezenas de milhar de seguidores da mensagem do Nazareno.

Todavia, a incompreensão e a injustiça passou a reinar por toda a parte e, por conseguinte, muitos cristãos tiveram que fugir para o deserto, ou para as regiões mais longínquas e inóspitas, a fim de poderem sobreviver na sua fé.

Constava-se na forma de lenda, que um destes cristãos fugidos das sanguinárias perseguições, formou um reino de esplendor, de força e de harmonia, que sobreviveu a todas as investidas dos seus vizinhos. Tratava-se do reino que viria a ser conhecido por terras do “Preste João”.

Por outro lado, os relatos dos peregrinos, que séculos, após século, visitavam a Terra Santa, já no primeiro milénio após o nascimento de Jesus Cristo, indicavam a existência de cristãos no Egipto, na zona de Alexandria. Davam-lhes o nome de Coptas, por falarem a língua copta, uma reminiscência da língua e cultura dos antigos egípcios, que foram aniquilados pelas invasões nómadas.

Também se sabia, que existiam na região de Assuão, outros núcleos de cristãos coptas, bem no sul do Egipto, e falava-se também, da existência dum imenso reino cristão copta na Abissínia, actual Etiópia. Reino, que poderia ser considerado mais um império, uma vez que naquela região não havia um rei, mas sim, um rei sobre reis, ou seja, um imperador ao qual se dava o título de Négus.

Assim, reza a lenda que foi no século IV que aquele reino etíope se converteu ao cristianismo pelas mãos de Fromentius, monge sírio sagrado bispo e chefe espiritual da Etiópia por Santo Atanásio, patriarca de Alexandria. O qual, por ter afirmado que a humanidade de Cristo estava absorvida na sua divindade e desse modo revelava a unidade da natureza de Cristo (monofisismo) foi condenado pelo Concílio de Calcedónia (451). Portanto, a Igreja etíope era herética e cismática, seguindo o rito litúrgico e o calendário copta egípcio, além de certos costumes sincréticos (KI-ZERBO, s/d: p. 118).

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